Livros da minha vida #1
Este não foi o primeiro livro que li (ou que alguém me leu). Foi, contudo, o primeiro que me lembro de levar para todo o lado.
Não sei quantas vezes li as histórias destas crianças; lembro-me da cara delas, de onde moravam (num castelo? uau!, na selva? que fixe!), do que gostavam de fazer, de comer, de quantos irmãos e irmãs tinham, dos brinquedos favoritos. Identifiquei-me mais com uns, achei outros um pouco arrogantes (teria eu inveja da piscina e da casa da árvore? Provavelmente!) Certamente, achei que tinham vidas muito diferentes da minha, mas lembro-me, principalmente, de querer experimentar todas as comidas diferentes e de viajar para todos aqueles sítios.
Aqueles países distantes passaram a fazer parte da minha lista de sítios a ir e coisas a fazer (obviamente eu não fazia a mais pequena ideia que tinha uma lista, só me apercebi disso muito depois). A Marília de 8 anos não sabia o que eram as relações internacionais e que, um dia, iria estudar, visitar e conhecer ainda mais países do que os que lá estavam no livro. Creio que, secretamente, queria ter feito parte daquele livro e partilhar a minha história com outras crianças.
Meninos Iguais a mim foi um livro publicado por Barnabas e Anabel Kindersley, em colaboração com a UNICEF, (instituição com que já tive a oportunidade de trabalhar) em 1995. Lê-lo teve um grande impacto em mim e é, sem dúvida, um dos livros da minha vida. É ainda mais relevante do que foi na altura. Aprender sobre “os outros” torna-os menos “outros”. Não muda as diferenças, mas ajuda-nos a ter uma outra perspectiva e a entender as complexidades do mundo, que não é nem nunca será a preto e branco.
*Foto do livro “Meninos iguais a mim“ de Barnabas e Anabel Kindersley. A capa tem vários meninos de nacionalidades diferentes. O livro está sob um mapa da Europa. Foto minha.